segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Resenha: Factótum, de Charles Bukowski

"Minha ambição é prejudicada pela preguiça." Henry Chinaski - Factótum

odeio essa maldita frase que cada vez mais está fazendo mais sentido em minha vida....
   
(Imagem do filme adaptado para os cinemas)

Factotum faz parte da trilogia de Chinaski, como eu já falei aqui antes; Misto Quente (meu livro preferido) retrata a infância e adolescência; Factotum a vida aulta e seus vários empregos;  e Mulheres retrata as mulheres que passaram na vida de Chinaski, praticamente uma para cada capitulo.
 
 Em Factotum, Henry Chinaski está no auge da sua vida adulta, e obviamente não é mais o mesmo Chinaski de Misto Quente (pelo qual me identifiquei várias vezes). Com o abandono da faculdade de jornalismo e saída da casa de seus pais, Chinaski vai a procura de empregos para pagar o aluguel do apertamento onde vive, são tantos que isso vira a explicação para o título do livro >> Factótum = Faz tudo = homem de vários empregos. As semelhanças entre Charles Bukowski e seu personagem Henry Chinaski e são tão grandes que nem parece ficção, o velho Buk colocou situações reais dele adaptadas para a vida de Chinaski. E assim o autor se baseava praticamente em sua própria vida, quase uma autobiografia.

Capa
versão brasileira

As razões para Chinaski não permanecer em um emprego são varias, beber ou fumar enquanto trabalha, patrões filhos da puta. E até mulheres foram culpadas, sim o cara transava com elas em pleno trabalho sem ao menos procurar um lugar mais discreto era pego pelo patrão ou algum outro fucuonario de cargo alto, ae já viu neh....

" "Baby" --- eu disse,  "Eu sou um gênio, mas ninguém sabe disso".

Factotum
versão americana

"Se você vai tentar, vá até o fim. Caso contrário, nem comece. Isso pode significar perder namoradas, esposas, parentes e talvez até mesmo sua mente. Isso pode significar não comer por três ou quatro dias. Isso pode significar congelar num banco de praça. Isso poderia significar prisão. Isso pode significar escárnio, isolamento. Isolamento é o presente. Todos os outros são um teste da sua resistência, de o quanto você realmente quer fazer isso. E, você vai fazê-lo, apesar da rejeição e das piores probabilidades. E vai ser melhor do que qualquer outra coisa que você pode imaginar. Se você vai tentar, vá até o fim. Não há outro sentimento como esse. Você estará sozinho com os deuses, e as noites vão arder como fogo. Mas você vai montar na vida direto para o riso perfeito. É a única boa luta que existe."


Não gostei tanto de Factotum como gostei de Misto Quente, acho que a razão é que vi momentos da minha infância e adolescência em Misto Quente, não falo da parte familiar, mas da  infância em que reunirmos os amigos e aprontávamos pelas ruas, cagando para as leis e as regras da cidade, além da adolescência  solitária, o amor platônico por uma mulher e sem praticamente nenhum relacionamento serio, só pequenas relações com meninas quando era convidado para algumas daquelas festa onde rolava altas putarias, e meio que a decepção com a universidade.

"[...]parei de me preocupar com aquilo. Sentia-me confortável, não era algo agoniante. Fiquei escutando música sinfônica, fumando os cigarros do meu pai."

Sendo assim o fato de não ter achado Factotum tão bom quanto Misto Quente é que não me identifiquei muito com Factotum,  Chinaski era um viciado em álcool e cigarros. Além de arranjar dois ou mais empregos humilhantes por mês onde só fumava, bebia, fumava e se fodia e fodia com mulheres e fumava. Tudo isso virava um ciclo vicioso que o pobre homem não conseguia sair. O bom do livro é a experiências desde das mais cômicas até as mais tristes e a realidade crua, mais crua mesmo que a leitura proporciona. Tem alguns momentos do livro que o velho Buk descreve sobre as necessidades físicas de Chinaski e você pensa "Pow Buk, precisava realmente escrever isso?" mas é a uma das características da  escrita do vei tarado né, logo o leitro se acostuma e assim como Misto Quente e Pulp, Factótum é uma leitura recomendada.

Um copo de cerveja e um bom maço de cigarro ao Velho Buk!

O livro também foi adaptado para o cinema com a direção de  Bent Hamer, Matt Dillon no papel de Chinaski.


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